issue #3. Deleuze na terra das palmeiras.

DELEUZE NA TERRA DAS PALMEIRAS

Geografia da diferença, ventos filosóficos e encontros intensivos no Brasil

A maravilha das entradas múltiplas Entrevista com Robert Machado

A geografia do pensamento filosófico por Roberto Machado

Memórias de um jardim de Epicuro Entrevista com Luiz B. L. Orlandi

Um gosto pelos encontros por Luiz B.L. Orlandi

Da polinização em filosofia por Peter Pál Pelbart

Organização, entrevistas e traduções por Wolfgang Pannek

Preparado especialmente para deleuze international, este conjunto de artigos e entrevistas introduz à produção filosófica relacionada a Gilles Deleuze no Brasil. Na ‘Terra das Palmeiras’, ou Pindorama, como seus habitantes indígenas, os Tupi-Guarani, costumavam chamar seu país, a recepção dos escritos de Deleuze começou a florescer no final dos anos 1960. Graças às traduções de importantes pesquisadores de Deleuze e Guattari, hoje quase todas as suas obras estão à disposição do leitor brasileiro. Além disso, uma variedade considerável de livros, artigos, simpósios e, sobretudo, o estudo nos departamentos de filosofia e de arte em universidades localizadas entre os rios Amazonas e Paraná inspiram um interesse crescente no potencial transformador dos conceitos criados por esses pensadores franceses.  Os artigos aqui reunidos são da autoria de expoentes destacados da recepção e reflexão sobre a filosofia de Deleuze no Brasil: Roberto Machado, Luiz B. L. Orlandi e Peter Pál Pelbart.

RESUMOS

A geografia do pensamento filosófico por Roberto Machado

Este artigo visa apresentar o modo operacional da filosofia de Deleuze, considerando-a como criação de conceitos, para elucidar seu princípio maior: a constituição de um pensamento diferencial baseado nas relações entre filosofia, artes e ciência. Por isso, meu motivo é mostrar que o pensamento diferencial de Deleuze é possível em função de uma “harmonia discordante” ou de uma “síntese disjuntiva” entre o ato de pensar e aquilo que o provoca. Eu também pretendo sublinhar que a filosofia de Deleuze se opõe ao pensamento da representação, dado que o ulterior subordina a diferença à identidade.

Palavras chaves: diferença – representação – identidade – pensamento – filosofia – Deleuze.

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Roberto Machado é mestre e doutor pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica) e professor titular aposentado do Departamento de filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autor de diversos livros, entre eles Zaratustra, tragédia nietzscheana (1997), Foucault, a filosofia e a literatura (2000), Nietzsche e a polêmica sobre “O nascimento da tragédia” (Org., 2006), Foucault, a ciência e o saber (2006) Deleuze, a arte e a filosofia (2009). Machado traduziu Diferença e repetição (com Luiz B. L. Orlandi, Graal, Rio de Janeiro, 1988) e Proust e os signos (Forense Universitário, Rio de Janeiro, 2003) de Gilles Deleuze, e Microfísica do Poder de Michel Foucault (Graal, Rio de Janeiro, 1999), entre outros.

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Um gosto pelos encontros por Luiz B.L.  Orlandi

Resumo: Através de uma série de anotações, este artigo visa traçar um esboço do gosto deleuziano pelos encontros intensivos. Esse gosto é notável na construção das variações conceituais deleuzianas. Elas implicam a atração de Deleuze por séries heterogêneas de conceitos de outros filósofos, por multiplicidades de variedades estéticas… em suma, por uma considerável constelação de signos. Isso indica o quanto esse pensamento encontra sua própria necessidade fora de si, e não nas engrenagens logocêntricas de representações autocomplacentes. Movido por desterritorialização na imanência dos encontros, o construtivismo deleuziano configura, portanto, uma filosofia em devir. Os encontros intensivos desencadeiam e voltam a desencadear essa abertura filosófica, levando o sistema da diferença, o sistema da diferenciação complexa,  a repetir-se diferentemente a cada caso.

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Luiz Benedicto Lacerda Orlandi fez graduação em Pedagogia na Universidade Estadual de São Paulo Júlio de Mesquita Filho, é Mestre em Poética pela Universidade de Besançon – França (1970), Doutor em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – SP e, desde 1997, Professor Titular do Departamento de Filosofia do IFCH-UNICAMP. Foi Diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), Chefe do Departamento de Filosofia do IFCH da Unicamp e trabalhou como professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Escreveu os livros A Voz do Intervalo (São Paulo, Ática, 1980) e Falares de malquerença a propósito de pesquisa, verticalidade e realidade profunda (Cadernos do IFCH, Nº8, Campinas: IFCH-UNICAMP, 1983) além de uma grande variedade de capítulos, ensaios, artigos e apresentações em livros sobre Nietzsche, Foucault, Deleuze, Zourabichvili e outros filósofos. Traduziu as seguintes obras de Deleuze (e Guattari): Diferença e Repetição (em cooperação com Roberto Machado) Empirismo e Subjetividade, Spinoza e o Problema de Expressão, Anti-Édipo, O conceito de diferença em Bergon, A Dobra: Leibniz e o Barroco, A Ilha deserta e outros textos. ____

Da polinização em filosofia por Peter Pál Pelbart

Não seria possível, além dos processos de colagem ou virtualização já detectados na obra de Deleuze, compreender sua passagem pela história do pensamento como “polinização” filosófica? Estaríamos então confrontados com os processos de “transporte” de “pólen filosófico”, no interior da filosofia ou fora dela, dentro de uma verdadeira ecologia de emissões e disseminações. Os problemas emergindo dessa forma seriam menos da ordem da interpretação ou recepção, mas os da hibridização e contaminação. Ao mesmo tempo, este artigo visa estabelecer a ressonância entre essa dimensão especulativa e aquilo que hoje é chamado de “sociedade pólen”, onde as produções cognitiva e afetiva ocorrem via contágio e polinização transversal.

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Peter Pál Pelbart gradou-se em filosofia pela Sorbonne (Paris IV, 1983). É doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo (1996) e trabalha atualmente como professor titular na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Traduziu os livros Conversações, Crítica e Clínica e partes de Mil Platôs de Gilles Deleuze. É autor de Da clausura do fora ao fora da clausura (1993), O tempo não-reconciliado: imagens de tempo em Deleuze (1998), Vida Capital: ensaios de biopolítica (2003) e O Avesso do Niilismo: cartografia do esgotamento (2013), entre outros livros. É editor da n-1 edições e integrante da companhia teatral Ueinzz.

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